História, histórias e curiosidades
Primeiro chegaram os Ingleses e ao que tudo indica foram eles a descobrir a Camacha. A Camacha era desde há muito habitada e existia como freguesia, há uns bons cento e cinquenta anos, mas não passava de uma pobre aldeia perdida na serra, até que os britânicos descobriram a frescura dos seus Verões e a transformaram numa estação de veraneio apetecível, que durante muitos anos se impôs como local da moda. Foi pelos inícios da terceira década de 1800 que começaram a comprar terrenos, Thomas Harris terá sido o primeiro e logo o seguiram Bean, Gordon, Show e Gourlay. No decorrer das décadas seguintes a comunidade inglesa foi crescendo e às primeiras famílias foram se juntando as Taylor, Hollway, Veitch, Mason, Park, Ross, Penfold, Wallas, Bayman, Phels, Hinton, Grant, Leacock, Grabham, Gibs, Drury, Randall, Payne, Faber… Alguns construíram quintas, que foram passando de mão entre si, outros limitavam-se a arrendar pequenas cotages para a estação. Alexander James Donald d'Orsey aqui celebrava missa inglesa, Beatrice Winifred Randall nasceu na Quinta do Vale Paraíso e David Parker, Engenheiro Residente de Palghaut Madras Railway, foi um dos cidadãos ingleses que faleceram nesta localidade. A partir de meados do século, os madeirenses começaram, também, a apreciar a ideia de fugir à torreira funchalense. A se juntar às famílias Vasconcelos/Bettencourt da Câmara, Olival/ Ornelas de Vasconcelos, que aqui já possuíam as suas grandes propriedades, a par das dos britânicos, aos poucos foram surgindo outros de nacionalidade portuguesa, como Lobato Machado, Bianchi (mais tarde Visconde do Vale Paraíso), Padre Francisco Almada, Luiz Rocha Machado os quais no decorrer das últimas décadas do século foram adquirindo terrenos e algumas das quintas construídas pelos ingleses. Na imprensa da época encontram-se, recorrentemente, anúncios das diversas quintas a disponibilizar o seu usufruto para a “estação calmosa” e tornou-se usual os jornais informarem por onde andava a elite a vilegiaturar. Condessa da Ponte, Viscondes do Vale Paraíso, Visconde Bianchi, Governador Civil Manuel Saldanha da Gama, Condessa Torre Bella, foram visitantes habituais, a par com alguns dos ingleses que se mantinham fiéis. No dealbar do século vinte a sociedade começou a mudar a um ritmo mais acelerado, a evolução tecnológica proporcionou uma oferta de destinos mais apetecíveis que o pacato bucolismo camacheiro e aos poucos, quer os ingleses quer os ilustres, foram se deslocando para outras paragens, com as poucas excepções dos que aqui ainda possuíam propriedades e que de quando em quando as visitavam. Particularmente com a debandada inglesa, os camacheiros mais empreendedores aproveitaram a oportunidade para adquirir as suas excelentes propriedades, no entanto apenas um deles rentabilizou o seu investimento, por forma a fazer regressar os Verões camacheiros aos seus tempos áureos. No final da década de vinte, Frederico Rodrigues abriu o Hotel da Camacha e durante alguns anos esta localidade voltou a ver a sua população estival crescer, desta feita com nomes mais portugueses: Oliveira Abreu, Cabral do Nascimento, Castelo Branco Machado, Teixeira Rebelo, Ferreira Serafim, Abudarban da Câmara, Correia Neves, Martins Cardoso, Lomelino Pereira, Henriques de Freitas, Botelho Moniz, Fernandes, Camacho, Machado Santos… O status dos veraneantes sofreu também significativa alteração sendo mormente constituído por médicos, advogados, engenheiros, funcionários públicos e até uma professora de música. Fernanda Nóbrega @ CAMACHA - camacha (weebly.com) ABM Colecção de Jornais
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Abril 2024
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