História, histórias e curiosidades
Numa localidade tão pequena quanto a Camacha não é de forma alguma espectável a elevada actividade cultural que esta apresenta, especialmente atendendo à sua ruralidade que naturalmente a manteve apartada dos núcleos mais propícios ao desenvolvimento deste tipo de movimentações culturais. A Camacha é sobejamente conhecida pela preservação da alma popular através das danças, cantigas e demais tradições que os diversos grupos de folclore têm assegurado e divulgado um pouco por todo o mundo. Não tanto na ribalta, mas com raízes, talvez igualmente, profundas no passado da localidade, são as diferentes orquestras que foram existindo ao longo dos tempos e que naturalmente contribuíram para o enriquecimento cultural dos camacheiros. No poema que Marciano da Silveira publica na sua Voz do Povo em 1860[i] encontra-se uma referência que testemunha que este tipo de prática musical, certamente mais erudita, fazia parte da vida camacheira. Na igreja uma bella orchestra Acompanhava o louvor, Que seis ou sete cantores Erguiam a nosso Senhor: É também através da imprensa que se tem conhecimento da existência, no decorrer da segunda década do século vinte, de uma tuna na Camacha de reconhecida qualidade musical, conforme aqui anteriormente já referido no artigo A festa da arvore Mas será nos anos vinte que esta prática conhecerá outro fulgor sob a batuta de Jorge Soares de Gouveia. Apesar de ter perdido o concurso em 1921 para o lugar de professor de ensino primário da Camacha, em 1924 Jorge Gouveia era o professor oficial da Camacha e extravasou o seu papel docente criando primeiramente a Orquestra Camachense (vide foto em A Festa da árvore) que se estreou no dia 5 de Outubro, aquando dos festejos da implantação da República. No dia oito de Dezembro, na Festa de Nossa Senhora da Conceição do mesmo ano, estreou-se o Grupo Musical Jorge de Gouveia que tinha em comum apenas alguns elementos da referida tuna. Por meados dos anos trinta os documentos indicam outro professor e pode-se presumir que estes grupos musicais hão-de ter esmorecido com a partida de Jorge Gouveia. A música, essa ficou, voltou a brilhar através da tuna das décadas de 40/50 e voltando a renascer na segunda metade dos 70. Fernanda Nóbrega @ CAMACHA - camacha (weebly.com) [i] Arquivo Regional e Biblioteca Pública da Madeira, Colecção de Jornais, A Voz do Povo
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Abril 2024
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