História, histórias e curiosidades
Ao longo do século dezanove e no decorrer do século vinte muitas foram as ocasiões em que a Camacha se encheu de forasteiros, mas o 21 de Maio de 1972, provavelmente, terá sido um dia record, pelo menos é o que se infere das reportagens na imprensa de então.
Integrado no programa da Festa do Espírito Santo, pelo terceiro ano consecutivo, realizou-se o Cortejo Folclórico e Etnográfico “por iniciativa do povo daquela freguesia, bairrista e voluntarioso”[i] . Segundo o repórter do Diário de Notícias “o cortejo constituiu um autêntico êxito superior, se possível, aos das edições anteriores”. Ao longo de vinte e cinco viaturas e ainda seis quadros a pé, o cortejo revisitou os diversos temas da cultura e tradição da vida quotidiana popular, traduzindo a “obra do esforço do povo da freguesia, um povo dinâmico e empreendedor, que esquece todas as agruras e «mal entendidos» de comissões, para, quando chega a data do evento, congregar num só espirito de iniciativa, num bloco homogéneo de trabalho e canseiras, para que o cortejo se situe no esplendor em que eles do início pretenderam insuflá-lo.” Enquanto nas primeiras edições o chamariz principal seria a Festa do Espírito Santo, com fama enraizada desde meados do século dezanove, o facto de a Camacha ter realizado o cortejo, que desfilou pelas ruas da cidade no primeiro do ano, terá sido responsável pela impressionante hoste que se apresentou para assistir ao cortejo. “Desde o início da rampa das Carreiras até o Centro da Camacha (cerca de 2 km) o automóvel da nossa reportagem gastou 2 horas a rodar em marcha lenta, tal a aglomeração de veículos nos dois sentidos de trânsito. Mais de um milhar de automóveis voltou para o Funchal, sem sequer ter chegado à vista da Camacha!... O povo comprimia-se nas bermas da estrada pela qual passava o cortejo numa onda humana indiscritível que se verificava até o Largo da Achada e, aqui não se viam as clareiras habituais nestas manifestações: o largo era uma mole imensa de povo, duma multidão que, durante algumas horas, ali aguardou, a pé firme a chegada dos carros alegóricos” O Jornal da Madeira também fez destaque dos “milhares de espectadores que viram o cortejo passar comprimiram-se na berma da Estrada Nacional, desde a Padaria 25 de Agosto, nos Casais d’Além, até ao Largo Conselheiro Ayres de Ornelas. Nas varandas, nas árvores, nos terrenos maginais à estrada, viam-se inúmeras pessoas apinhadas e o entusiasmo indiscutível perpassava pela multidão conforme os vários carros iam a passar, demonstrando o seu significado e o seu quadro alegórico”. Um dia que, sem dúvida, muitos camacheiros ainda guardam na memória. Fernanda Nóbrega @ CAMACHA - camacha (weebly.com)
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Abril 2024
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