História, histórias e curiosidades
Durante muitos anos foram uma peça fundamental na estrutura de comercialização do ganha-pão de muitas famílias camacheiras, no entanto poucas referências se encontram sobre essas fortes mulheres camacheiras que diariamente se deslocavam a pé ao Funchal, para entregar os diversos artefactos produzidos pelos artesãos. Ellen M Taylor, uma visitante inglesa que em 1882 escreveu Madeira its Scenery, and how to see it, insere na sua descrição da Camacha uma pequena alusão a esta profissão sem, contudo, fazer qualquer apreciação: “This is quite a village of wicker chair and basket makers they work at their cottage doors and we overtook many women carrying piles of chairs and little tea tables into Funchal” (Esta é uma aldeia, basicamente, de cadeiras de vime e cesteiros que trabalham à porta das suas casas e ultrapassámos muitas mulheres a carregar pilhas de cadeiras e mesinhas de chá para o Funchal) Noutra publicação da mesma autora, desta feita na revista inglesa Good Words[i], em 1888 vimos encontrar uma nova referência que nos apresenta uma imagem um pouco mais aprofundada das nossas carreteiras: “Passing through with rapid steps are some strong peasant girls with loads of wicker work chairs and tables on their heads looking fresh and active even after their walk of seven miles from Camacha the mountain village where this industry gives employment to many.” (A passar, em passos rápidos, vão algumas fortes camponesas, carregando muitas cadeiras e mesas de vime à cabeça, parecendo frescas e activas, mesmo depois da sua caminhada de sete milhas da Camacha, a aldeia serrana onde esta indústria emprega muita gente.) No início do século vinte, a terminar a primeira década Lilian Fairbrother Ramsey alude à sua existência no seu conto Amores Perfeitos , testemunhando dessa forma a continuidade desta profissão nessa época. Em 1934 a revista The National Geographic Magazine faz-lhes também referência, admirando a sua força e perícia. Dois anos mais tarde, em 1936, a inauguração da nova estrada de ligação ao Funchal terá ditado o fim desta profissão que, muito provavelmente, foi desaparecendo com o surgimento de outras formas de transporte de mercadorias. Fernanda Nóbrega @ CAMACHA - camacha (weebly.com) [i] https://books.google.pt
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Abril 2024
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