História, histórias e curiosidades
Aquando do povoamento a propriedade das terras foi definida pelas regras estabelecidas pela Coroa e foi tida em conta a condição social do candidato a povoador, bem como as características da área de cultivo. Foi, também, estabelecido um prazo de arroteamento das terras e a obrigação de estabelecer residência, sendo os solteiros obrigados a casar. Com o decorrer dos tempos e o aumento da população criou-se o sistema de colonia, em que o proprietário da terra cedia a sua exploração, com a obrigação do lavrador a tornar arável, de construir benfeitorias e de pagar essa utilização com de metade da produção. Essas primeiras terras foram se dividindo através de doação, troca ou venda e para garantir o seu justo valor foram nomeados Avaliadores. Também designados por Louvados e mais tarde Agrimensores, estes avaliadores não eram funcionários administrativos, nem tinham formação académica específica para tal, eram apenas pessoas idóneas a quem a sociedade local reconhecia capacidades para desempenhar eficazmente a incumbência. Abaixo se transcrevem: um relatório de uma avaliação efectuada em 1775 e uma lista de nomes de pessoas que exerceram o cargo, ambos referentes à Camacha, entre o final do século XVIII e meados do século XIX; “ Digo eu Miguel Martins avaliador ajuramentado pella Camera de Santa Cruz que eu fui chamado por Simão Vieira para avaliar as benfeitorias de hum bocado de fazenda cita ao Agoa d’ alto, no qual bocado de fazenda avaliei todas as benfeitorias, e o maes q’ adiante se dirá: Achei de vinha quatrocentas parreiras que achei valerem/ digo mais des parreiras/ três mil reis Maes hum milheiro de planta de inhame e o avaliei em mil reis Maes oitenta homens de parede a oitenta reis homem faz dezasseis mil reis Somao todas as benfeitorias salvo erro em 20$000 Avaliei maes na fazenda acima declarada um bocado de terra baldia, o qual não avaliei junto com a terra de vinha, e achei que vale 15 mil reis. Passa todo o referido na verdade e por não saber ler nem escrever pedi ao Re José de Freitas Spinola que este por mim fizese e comigo asginase Camacha oje 24 de Mço de 1775. Do avaliador Miguel Martins Re José de Freitas Spinola”[i] 1786 – António de Freitas; 1797 – António de Nóbrega; 1811– António Baptista; 1845 – José de Freitas Gonçalves e João Ferreira; 1847– José de Freitas Gonçalves e João Ferreira; 1851 –João Ferreira; 1853 - José de Freitas Gonçalves e João Ferreira; 1865 – José Correia, alvanéu morador em Igreja. Fernanda Nóbrega @ CAMACHA - camacha (weebly.com) [i] ABM- Família Ornelas de Vasconcelos
ABM - Actas das Vereações da Câmara Municipal de Santa Cruz Vieira, Alberto Aprender Madeira- Colonia Almeida, Maria Antónia Pires de, Conceição Andrade Martins (2002), “Avaliador”, Conceição Andrade Martins, Nuno Gonçalo Monteiro (orgs.), A Agricultura: Dicionário das Ocupações, Nuno Luís Madureira (coord.), História do Trabalho e das Ocupações, vol. III, Oeiras, Celta Editora, pp. 290-291. ISBN: 972-774-133-9. Avaliador
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Abril 2024
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