História, histórias e curiosidades
Ao longo de 1928 uma onda solidária percorreu as principais freguesias da ilha concretizando-se na realização de um evento, em cada uma delas, denominado de Festa da Flor. O conceito fora criado em 1917, em Lisboa, por proposta da escritora Genoveva da Lima Mayer Ulrich à associação Cruzada das Mulheres Portuguesas e destinou-se a apoiar as vítimas da 1ª Grande Guerra. Consistiu na venda de pequenas flores artificiais, para colocar na lapela, realizada nas ruas de Lisboa pelas senhoras casadas e jovens raparigas, das classes sociais mais altas. Posteriormente foi adoptado pela Cruz Vermelha Portuguesa. Na Madeira, em 1928 o produto da venda foi dividido entre a Cruz Vermelha e outras “instituições de caridade”, nomeadamente o Orfanato do Santo da Serra, Colégio de Preservação de Câmara de Lobos e ainda os pobres da Camacha. À boleia da festa do Santíssimo Sacramento, a Festa da Flôr na Camacha aconteceu no dia vinte e seis de Agosto. Nesse Verão a Camacha revivia os bons tempos antigos, com muitas famílias a virem gozar a sua frescura, fugindo do calor opressivo do Funchal. Já não eram os ingleses que ao longo da segunda metade do século anterior aqui veraneavam, mas sim famílias funchalenses, de classe média alta que vinham se instalar no Hotel da Camacha, inaugurado em Agosto do ano anterior. Foi criada uma comissão da qual foi destacado colaborador o padre João Augusto Faria que em troca do seu apoio negociou parte do proveito em favor dos velhinhos pobres da freguesia. Seguindo o conceito original, a venda das flores foi efectuada por “senhoras e meninas” da sociedade. Foram elas: “D. Vera Bettencourt da Câmara, D. Amélia de Freitas, do Funchal, D. Maria Augusta Miranda Rodrigues, da Camacha e as meninas desta freguesia: Maria da Paz Faria, Maria Conceição de Jesus, Maria Augusta de Nóbrega, Noemi do Carmo Morais, Celestina de Nóbrega, Maria Olívia Quintal, Áurea de Morais e Maria Clara de Nóbrega.” [i] O valor apurado na Camacha foi 1.858$10 escudos, tendo o evento no conjunto de freguesias madeirenses, propiciado um total de sessenta mil escudos. Fernanda Nóbrega @ CAMACHA - camacha (weebly.com) [i] Diário da Madeira- Arquivo Regional da Madeira
* No final do Verão de 1928 o Hotel da Camacha entrou em obras para ampliação **A 1ª Festa da Flor em Lisboa – Crónicas 2 (wordpress.com)
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Abril 2024
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