História, histórias e curiosidades
A primeira referência, encontrada até ao momento, à Confraria de S. Lourenço, surge no termo de óbito de Maria Vitória, no mês de Julho de 1689, a qual deixa em testamento um saco de trigo e centeio à dita confraria. Mas só depois do interregno, entre mil e setecentos e mil e setecentos e trinta e oito, em que a freguesia da Camacha esteve de novo sujeita ao Caniço, é que se voltam a encontrar referências, mais precisamente um documento de reconhecimento oficial[i]. É pois em vinte e quatro de Julho de 1742 que o Bispo Dom Frei João do Nascimento, acede ao pedido do Padre Manuel Simão de Gouveia e dos seus paroquianos da Igreja de S. Lourenço da Camacha no qual haviam solicitado autorização para a criação da Confraria e Irmandade de S. Lourenço. De entre estes paroquianos, pode-se presumir que se encontravam os descendentes de Francisco Salgado: Mathias de Freitas Spínola, Simão de Freitas, Francisco Gonçalves Spínola, António Gonçalves Salgado, os mesmos que testemunharam a posse da capela em trinta e oito, do Padre Manuel Simão de Gouveia, aquando do regresso da Camacha ao seu estatuto de freguesia[ii]. O processo de constituição só ficou terminado em oito de Agosto, do mesmo ano, após a sujeição do “Compromisso”, um documento com doze parágrafos ou capítulos que regravam os procedimentos da confraria. Já no final do século dezoito, mais precisamente em 1775, um documento do notário Francisco João Rebelo mostra uma confraria mais profana. Trata-se de um empréstimo de vinte e quatro mil reis, a ser ressarcido em pagamentos de juros de duzentos reis anuais que a Arca da Confraria, na pessoa do seu tesoureiro, Simão de Freitas Spínola um bisneto de Francisco Salgado, faz a Manuel Pires. Por meados do século dezanove, também num documento notarial de 1848, encontra-se uma menção, se bem que indirecta, ao património da Confraria, mais precisamente um terreno no sítio da Igreja. Esse mesmo terreno viria a ser vendido em hasta pública em 1908. O anúncio da repartição da Fazenda Pública do Distrito do Funchal, feito no Diário de Notícias em Julho de 1908 assim o descrevia: “Bens pertencentes à Confraria de S. Lourenço da freguezia da Camacha... 2,972 metros quadrados de terra de semeadura com alguns castanheiros e duas casas terreas, uma coberta de telha e outra de palha, no sitio da Igreja, da freguesia da Camacha: confronta do norte e nascente com a estrada real, sul com a Igreja e poente com Nicolau de Sousa e outros (v. 1) 186$OOO reis.“ E terá se dado, por esta altura, o fim desta primeira Confraria de S. Lourenço, uma vez que em 1912, quando na sequência da implantação da República todas as confrarias tiveram que reorganizar os seus estatutos, de acordo com as novas leis de separação da Igreja e Estado, não surge o nome da mesma na lista, então publicada, das confrarias que poderiam continuar a usufruir dos seus bens. Fernanda Nóbrega @ CAMACHA - camacha (weebly.com) [i] Arquivo Regional e Biblioteca Pública da Madeira, Diocese do Funchal, Câmara Eclesiástica
[ii] mais sobre este processo pode ser encontrado aqui- Da Ermida à Igreja De S Lourenço Da Camacha (calameo.com) Arquivo Regional e Biblioteca Pública da Madeira, Colecção de Jornais, Diário de Notícias
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Abril 2024
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