História, histórias e curiosidades
Ao longo do século dezanove são recorrentes as chamadas de atenção para o estado lastimável da igreja da Camacha. Construída em 1783, em terra e cal, logo no início de mil e oitocentos requereu obras que foram postas em concurso pela Junta Real da Fazenda. Desconhece-se exactamente os problemas que então apresentava, à excepção da racha na Pia Baptismal, da qual nos dá conta o Bispo de Meliapor, no seu relato de visita em 1813[i]. Em três de Novembro de 1839, o vigário da igreja da Camacha Dionysio Bettencourt Pimenta, enviou um oficio ao Vigário Capitular, informando de que no dia anterior tinha caído “um pano de parede da Igreja Parochial da Camacha para a parte Norte ameaçando uma total ruina”[ii] da dita igreja. Lembrando que não existia mais nenhum templo na Camacha, pedia obras urgentes para evitar um mal maior. Também em Novembro, mas já em 1861, José Marciano da Silveira escrevia no seu jornal, a Voz do Povo que a “egreja é um armazem indecente mesmo para cousas profanas”. Segundo o mesmo jornalista, em Julho do ano seguinte foram postas em praça obras para reparar a igreja. O Diário de Notícias de sete de Outubro de 1888 trazia uma pequena notícia a informar o início de obras na Igreja da Camacha. O que quer que tenha sido feito não foi, com certeza, um trabalho de fundo, pois logo em Janeiro de 1895, um abaixo assinado acolhia o apoio de um significativo número dos chefes de família da localidade, no sentido de solicitar ao rei D. Carlos I a sua intervenção junto ao Ministério da Obras Públicas, para que este providenciasse as obras há muito ambicionadas. Estas obras acabaram por efectivamente acontecer, mas prolongaram-se até aos primeiros anos do novo século e foram parcialmente suportadas pelas Obras Públicas a par com de apoios de particulares. Consolidadas as obras estruturais essenciais para a sobrevivência do edifício, o pároco João Augusto Faria tratou então de enriquecê-la artisticamente. Em dois de Julho de 1914 o Diário de Notícias informava que Luís Bernes iria efectuar pinturas na Igreja, sendo que assinou em Agosto desse ano a pintura do tecto da Capela Mor e pelos anos vinte os restantes trabalhos. Em 1922 o pintor Cirilo realizou alguns trabalhos que segundo o Diário de Notícias seriam decorativos, ao estilo do século XV. As duas capelas foram adicionadas ao corpo da igreja também por iniciativa do mesmo padre que para tal recorreu ao apoio dos seus paroquianos. A Capela do Santíssimo Sacramento é de 1925 e a Capela de Nossa Senhora do Rosário de Fátima em 1933[iii]. Fernanda Nóbrega @ CAMACHA - camacha (weebly.com) [i] ALMEIDA, Eduardo de Castro e, Archivo de Marinha e Ultramar, inventário: Madeira e Porto Santo, Coimbra 1909. Vol.II, doc.12465, p.333
[ii] Arquivo Regional e Biblioteca Pública da Madeira, Colecção de Jornais, Flor do Oceano [iii] GOMES, Filipa Catarina Gouveia, Inventário Artístico da Igreja Matriz da Camacha, Município de Santa Cruz. Arquivo Regional e Biblioteca Pública da Madeira, Colecção de Jornais, Diário de Notícias, A Voz do Povo
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Abril 2024
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