História, histórias e curiosidades
Na tarde de vinte e quatro de Outubro de 1842, a forte precipitação, após oito dias de continuadas chuvas, fez desencadear mais uma aluvião, fenómeno recorrente na nossa ilha que acarreta sempre grandes sustos e prejuízos a toda a população.
Através das actas da Câmara Municipal de Santa Cruz ficamos a saber que “As pontes de alvenaria e archetes da Camacha também foram destruídas: muitas derrocadas sucederão derrocando grandes arvores levando as enxurradas muitas culturas de batatas (vulgo semilhas) e inhames submergindo algumas casas, palheiros e gados sendo victima desta catástrofe um môço de José Teixeira das Neves, da freguesia da Camacha, unico que pereceo em todo o concelho”[1] Os jornais da época relatam, também, o sucedido. O Imparcial[2] de nove de Novembro de 1842 diz que “A Camacha ficou quasi incommunicavel, pelo grande deterioramento que sofreu a estrada; perdeu os seus melhores arvoredos e mudou de aspecto”. Os jornais internacionais deram igualmente algum destaque ao ocorrido, a partir de um artigo do The Times[3]: o The Examiner [4] em dezanove de Novembro de 1842 faz referência e em dez de Abril de 1843 o jornal The Sydney Morning Herald[5] reporta também ”The village of Camacha is in a most deplorable condition” Do esforço de recuperação, chega-nos informação através do Defensor[6] de dezassete de Dezembro de 1842 que, numa pequena notícia com o título “Estrada da Camacha”, nos dá conta que “se achão muito adiantados os repairos desta interessante estrada, feitos pelos povos d’ali, ajudado com as liberaes contribuições do Snr. Bean e de outros estrangeiros” Através de um ofício do regedor, dirigido à Câmara de Santa Cruz[7] sabe-se ainda que a ponte abaixo da igreja foi reconstruída de melhor forma que a anterior e que o trabalho foi realizado por cento e cinquenta ordenanças, tendo sido o material pago pelos britânicos que mais frequentavam aquela estrada. Sendo este tipo de tempestade, que desencadeia as aluviões, um fenómeno que se tem repetido ao longo dos tempos, com certeza não terá sido a única vez que a Camacha terá sido afectada. Este destaque acontece, apenas e graças às várias fontes documentais da época. Fernanda Nóbrega @ CAMACHA - camacha (weebly.com) [1] Arquivo Regional e Biblioteca Pública da Madeira, Actas das Sessões da Câmara Municipal de Santa Cruz ( 1842-48) , p.16v [2] Arquivo Regional e Biblioteca Pública da Madeira, Colecção de Jornais, [3] The Times – Wikipédia [4] The Examiner, books.google.pt, p.746, Dreadful Storm At Madeira. [5] https://trove.nla.gov.au/newspaper/ Newspapers & Gazettes,,The Sydney Morning Herald (NSW : 1842 - 1954) , Seg 10 Abr 1843 , Page 2 , DREADFUL STORM AT MADEIRA. [6] Arquivo Regional e Biblioteca Pública da Madeira, Colecção de Jornais [7] Arquivo Regional e Biblioteca Pública da Madeira, Câmara Municipal de Santa Cruz, livro do Borrador 157, p.5 5
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Abril 2024
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