História, histórias e curiosidades
A partir de meados do século dezanove a Camacha tornou-se num dos locais considerados de moda. Para além das muitas famílias que optavam pela frescura dos Verões camachenses, nas suas próprias quintas e quintinhas ou em moradias alugadas para o efeito, e de atrair muitos visitantes por ocasião dos arraiais, era frequente, também, se reunirem grupos de excursionistas que em dias normais, sem data assinalada, procuravam a Camacha pela “frescura e pureza das suas aguas, da corpolencia e formosura das suas variadas especies florestaes “[i]. De entre os, com certeza milhares de visitantes, pode-se destacar a visita da Imperatriz da Áustria, Sissi, em Dezembro de 1893 e do Marquês Paolucci di Calboli, Ministro da Itália em Agosto de 1909, excursionistas que pela sua elevada projecção social, tiveram direito a notícia nos jornais da época. Direito a notícia também, tiveram os cento e trinta e sete marinheiros que no dia um de Setembro de 1898, subiram até a Camacha, onde passaram grande parte do dia. “No dia primeiro do corrente, uns cento e tantos marinheiros de bordo do navio escola allemão Sophia commandados por dois officiaes do mesmo navio, trajando á paisana, foram, como já dissemos, á Camacha, com itenerario pelo Monte, chegando alli das 11 para as 12 horas da manhã. Apenas chegados deram entrada na quinta de que é inquilino o sr. John Payne,[ii] e que defronta com a referida explanada. Acamparam em uma pequena clareira no alto da quinta, onde Iancharam terminando a singella refeição com um côro de vozes de bellisimo effeito, entoando um cantico, cremos que religioso, em acção de graças, pois era acompanhado com a leitura de um livro, escripto no seu idioma, e recitado por um dos dois officiaes -talvez a Biblia. Os marinheiros, de pé, entoando o seu cantico, quer religioso, quer patriótico, entremeavam-no de acclamações e vivas, tirando neste acto os bonés e sendo acompanhadas as ceremonias por toques de clarim. Tocantes e sympathicas foram todas as diversões d'esse troço de marinheiros, cuja morigeração, decencia e disciplina fazem honra á grande nacionalidade a que pertencem. Ao sahirem da quinta, de regresso ao Funchal, dirigiram, á Achada, onde effetuaram algumas evolucões militares, sob o commando dos respectivos officiaes. Nem um só d'esses marinheiros revelou qualquer symptoma de embriaguez; nos seus cantis levavam agua e limão, e alguns que entraram na mercearia do sr. Nobrega, fronteira áquella quinta, só compraram refrescos. Nenhum comprou vinho ou bebidas espirituosas; nem dirigiu a qualquer pessoa do povo a menor provocação.”[iii] Fernanda Nóbrega @ CAMACHA - camacha (weebly.com)
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Autores Somos vários a explorar estes temas e por aqui iremos partilhar o fruto das nossas pesquisas. O que já falámos antes:
Abril 2024
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