História, histórias e curiosidades
No dia três de Setembro de 1874, uma quinta feira, o jornal A Voz do Povo trazia um comunicado que dava conhecimento de um abaixo assinado dirigido ao Bispo do Funchal, no qual era apresentada uma queixa formal contra o procedimento do Reverendo Pároco, que segundo os queixosos vivia em público e escandaloso concubinato e mancebia. Segundo o comunicado, o padre, na hora da missa, colocava a seu lado a sua concubina Leocádia “mulher que a todos insulta com palavras deshonestas, calumniando e muitas vezes com os seus testemunhos escangalhando casamentos”. E a dita Leocádia, já antes teria sido, por queixas dos paroquianos, afastada para o Funchal e o padre deslocado para outras freguesias. Mas passado algum tempo o padre voltara e voltara a “exercer os mesmos actos immoraes, sem que o castigo que recebera lhe servisse de emenda” Era, portanto, necessário acabar com o escândalo, não só para bem dos paroquianos mas também para a imagem da Camacha que “pela sua linda posição, clima e arvoredos, convida todos os anos, na estação calmosa, um grande numero de familias, e entre ellas alguns estrangeiros, que aqui veem de visita, e outros residirem alguns meses”. Com a agravante de que “frequentam esta freguezia numerosos protestantes, residem n’ella dois ministros anglicanos e nós catholicos e portuguezes cobrem-se-nos a faces de vergonha” Passados quinze dias, A Voz do Povo deu palavra a outro comunicado, desta vez em defesa do pároco. Contrariamente ao anterior, este inclui as mais de cem assinaturas de “proprietários e lavradores e mais habitantes da parochia de S. Lourenço, freguezia da Camacha vem... reclamar contra uma representação que alguem malevola e infundadamente formulou e conseguiu iludir certos individuos a assignar e até firmando-a com nomes de pessoas que tal não autorizarão... acusando este sacerdote de faltas que não commette”. Para além de enaltecerm as qualidades do pároco, afiançam também que “capta a estima e consideração dos forasteiros distintos que visitão ou veem residir a esta localidade, pela sua ilustração e afabilidade”. Ficou assim limpo o bom nome do Padre Christiano Augusto Machado que se manteve na freguesia até 1891. Da Leocádia, nada mais se soube. Fernanda Nóbrega @ CAMACHA - camacha (weebly.com) Abm.madeira.gov.pt/media/publicacoesPeriodicas/Jornais/VozDoPovo(A)/PT-ABM-COLJOR_18740917.pdf
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Abril 2024
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