História, histórias e curiosidades
Na freguesia da Camacha já está montado um telefone, na propriedade do senhor Alfredo de Nóbrega, devendo esta ligação prestar os mais relevantes serviços à população daquela freguesia, sempre que haja necessidade de comunicar urgentemente com o Funchal. A Camacha que não dispõe de médico com residência fixa na localidade, fica assim habilitada em um período de tempo relativamente curto a poder chamar um medico em casos de urgência, tanto mais que já tem a servi-la uma estrada, via Caniço, sítio da Cruz, por onde podem transitar automóveis, como já tivemos ocasião de verificar. Pelo referido telefone pode se fazer ligação para o magnifico hotel que os srs. Frederico Rodrigues e José Rodrigues Vigia possuem na antiga quinta do doutor Grabham…”[i] Esta foi a notícia através da qual o Diário da Madeira, em 19 de Novembro de 1927, informou os seus leitores de mais este pequeno grande passo, dado pela Camacha no seu esforço de acompanhar o progresso tecnológico do início do século vinte. Assim como outras pretensões, foi uma espera longa até que a Camacha visse satisfeita a sua aspiração. A rede telefónica do Funchal foi inaugurada no dia 5 de Outubro de 1911 e em 1915 foi apresentado um pedido pela Câmara Municipal do Funchal para alargar a rede aos meios rurais. Vontade havia mas careciam os meios e em 1924 os 720 telefones existentes concentravam-se no Funchal. Tecnicamente falando, também terá sido nesse ano que à Camacha chegou o primeiro telefone, instalado pela Câmara Municipal do Funchal na casa de abrigo do Poiso, pelo que, na prática, não estava efectivamente a serviço da Camacha. Em 5 de Fevereiro de 1926 a Comissão Executiva da Junta Geral deliberou solicitar ao Chefe da Secção Eléctrica a instalação de um telefone na Camacha no entanto isso não se concretizou. Entretanto a Administração Geral dos Correios e Telegrafos estava a proceder à montagem de uma rede que apenas ligaria Câmara de Lobos, Ribeira Brava, Ponta do Sol, Calheta, Ponta do Pargo, Porto Moniz, S. Vicente, Ponta Delgada, Santana, Machico e Santa Cruz. A Junta Geral fez um pedido para que a Administração alargasse a outras freguesias, entre elas a Camacha, que considerava necessitarem desse melhoramento. A Administração do Correios acedeu a cobrir o custo de 25% tendo em Janeiro de 1927 apresentado um orçamento final no valor de 159.563$26, sendo que para trazer a linha de telefone até a Camacha previa um custo de 13.663$56. Entre as dezasseis freguesias que iriam beneficiar deste equipamento, a Camacha tinha o quarto custo mais caro, sendo superada pelo Seixal(14mil), S. Jorge(15mil) e Santo da Serra (17mil) e logo abaixo, em quinto, estava a Fajã da Ovelha com menos sessenta e um escudos. Os valores decresciam para 10 mil para Câmara de Lobos e Prazeres; nove para Canhas, Madalena e Faial; oito para o Campanário e Arco da Calheta; sete para a Boaventura; seis para o Estreito da Calheta e o mais barato foi o Caniço na ordem dos quatro mil. Pode-se presumir que nesse ano a rede terá ficado concluída. Em relação ao telefone instalado na Camacha, apesar de a notícia no Diário da Madeira não especificar em que parte da propriedade do Sr. Alfredo Ferreira de Nóbrega teria sido instalado o telefone, o mais provável é ter sido naquele que tinha acesso público livre, o edifício Estrela da Manhã (à esquerda na foto). Fernanda Nóbrega @ CAMACHA - camacha (weebly.com) [i] Arquivo Regional e Biblioteca Pública da Madeira, Colecção de Jornais, Diário da Madeira
SILVA (Fernando Augusto da) & MENESES (Carlos Azevedo de)-Elucidário madeirense-3.vol
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Abril 2024
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