História, histórias e curiosidades
Na sequência das reformas implementadas pelo Marquês de Pombal, a partir do final de oitocentos, aos poucos foram surgindo escolas públicas no país e na Madeira. Para suportar estas reformas foi criado um imposto o qual designaram por Subsídio Literário, destinado a custear os ordenados de professores, com o objectivo de retirar o ensino à igreja e levá-lo a toda a população. A cobrança deste imposto era feita em sede de concelho e tanto na Camacha como no Caniço havia lugar a esse pagamento, apesar de não haver escola pública em qualquer das localidades. Naturalmente o núcleo populacional na Camacha levou o seu tempo a se estabelecer e a crescer. Descendendo da primeira meia dúzia de famílias aquando da criação da freguesia em 1676, vimos encontrar um século depois setenta e cinco fogos nos quais, pode-se presumir, residiriam à volta de quinhentas pessoas. Pelos inícios do século dezanove, o Bispo de Meliapor[i] após a sua visita em 1813, assim descrevia: ” Não ha medico , botica nem mezinheiro e tem só 1 carpinteiro, 2 sapateiros e alguns alveneos. Todas as casas são cobertas de colmo, espalhadas pelos mattos, bem como os monges da Arrabida. Apenas conta 12 casas com telhado e 2 somente de sobrado. N’esta freguezia não ha mais clerigos, que o Vigario e o seu Cura, nem esperança de os haver, porque todos se aplicam desde pequenos ao trafico da serra e das fazendas e não ha quem os ensine a ler, a escrever”. Dez anos após este relato contavam-se 770 habitantes distribuídos por 170 fogos. O núcleo habitacional fora crescendo aos poucos e já os primeiros ingleses a vir para a Camacha, tinham adquirindo os terrenos onde construíram as suas quintas. Entre 1848 e 1849 foram criadas na Madeira 42 escolas públicas, a par com mais 30 pertencentes a particulares.[ii] Apesar da sua pequena dimensão a Camacha, que por estes anos tinha 248 fogos, 589 mulheres e 573 homens, durante um breve período pode usufruir de uma escola municipal. Inicialmente o professor era o Padre João Aleixo de Freitas, mas 1851 ao ser transferido para outra freguesia sugeriu à Câmara o camacheiro João Elias Baptista que ficou como regente. Em 1853 a escola já tinha sido encerrada e mal-grado todos os esforços e pedidos dirigidos a diferentes entidades, o mesão, os quatro bancos e restante equipamento que recheava a escola, foram todos levados para Santa Cruz. Somente em quatro de Abril de 1867 a Camacha voltaria a ter o benefício de uma escola pública com a nomeação do professor Miguel Luís Valério, transferido da Ponta do Sol para a Camacha por mercê do rei D. Luís I. No entanto tratou-se de uma benesse incompleta pois era uma escola apenas para meninos, as meninas tiveram que aguardar até 1914 e pela professora D. Maria das Mercês Lopes, para poderem usufruir das mesmas oportunidades. Fernanda Nóbrega @ CAMACHA - camacha (weebly.com) [i] ALMEIDA, Eduardo de Castro e, Archivo de Marinha e Ultramar, inventário: Madeira e Porto Santo, Coimbra 1909. Vol.II, doc.12465, p.333
[ii] evolução do sistema educativo na Madeira (uma.pt) Arquivo Regional e Biblioteca Pública da Madeira, Colecção de Jornais Arquivo Regional e Biblioteca Pública da Madeira, Actas da Câmara de Santa Cruz Torre do Tombo Registo Geral de Mercês do reinado de D. Luís I 1861/1889 Torre do Tombo Provedoria e Junta da Real Fazenda do Funchal
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Abril 2024
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